quarta-feira, 19 de março de 2014

DECIDA MORRER

                    DECIDA MORRER

                            


  Hoje escrevo um texto sem precedentes. Não tomei por base nenhuma outra obra, não tive nenhuma inspiração externa. Esse texto foi construído a partir de muitas elucubrações e divagações sobre o tema proposto.
Então vamos ao texto.

  Você já decidiu morrer? Essa é pergunta que  faço agora, não estou falando no sentido figurado. Trago aqui essa indagação tratando da morte literal, a morte que finda a nossa efêmera vida, nosso sutil existir.
  Outra vez  pergunto, já decidiu que vai morrer? Ora, por que dessa pergunta tão inoportuna? Será mesmo inoportuna, ou apenas temos medo de falar sobre tal assunto? Dado aos questionamentos, vamos pensar sobre.
Como um mero observador da existência humana, chego ao tão relevante tema; 'DECIDIR MORRER'. O que tenho visto é, meros mortais agindo como imortais. 
  Só pra refrescar nossa memória vamos a dois eventos importantes de nossa existência, os dois extremos; o nascimento e a morte. Desses dois não há como escapar, mas insistimos em ignorar o segundo evento, tão digno de atenção quanto o primeiro.
  Vejo pessoas e pessoas correndo atrás de conquistas e mais conquistas, correndo uma corrida rumo ao infinito, e essa corrida é tão exaustiva e tão cheia de ilusões que nos tapa os olhos a ponto de não nos deixar pensar sobre o dia da nossa morte. O que dirão em nosso velório? O que temos construído pra que seja lembrado ao partirmos?
  Quando a morte chega trás com ela a incompreensão por parte dos parentes e amigos, os projetos tão importantes que tínhamos são interrompidos de forma abrupta, sem a mínima explicação, sem o mínimo pudor, simplesmente é findado e ponto. Mas por que não queremos admitir que a morte vem?   Continuamos a não dar importância para as ligações dos amigos, dos familiares, deixamos sempre pra depois a oportunidade de dizer, TE AMO, a quem quer que seja.
  Pensamos e/ou agimos como se sempre tivéssemos à disposição mais uma oportunidade de fazer companhia às pessoas que se importam conosco. Quando somos “imortais” logo vem a idéia de não precisar abdicar-se de nosso tão precioso tempo a fim de declarar nossa admiração, nosso respeito, nossa gratidão a quem nos inspira, a quem nos motiva a caminhar. O nosso tempo é sempre o principal motivo para as desculpas mil, justificando assim nossa ausência. Mas se morrermos amanhã? Ou pior, se perdemos quem amamos amanhã? O que ficará em nós além de arrependimentos e múltiplos lamentos? Decida hoje que vai morrer, assim quando a morte tornar-se eminente, você vai gastar um pouco mais de crédito pra ligar pra alguém que a tempos não liga, você vai abrir mão de alguma vaidade, que é só vaidade, em troca de uns bons momentos de conversa com amigos que tanto se importam com você.
Quando a morte chega ela não concede tempo para correções de atitudes falhas. Não permite sequer ir na casa da pessoa que mais amamos e  fazer aquela despedida. Acredite, se soubéssemos que nossa morte seria amanhã, essa noite passaríamos em claro, correndo atrás das pessoas e dizendo a elas que amamos...
Mais uma vez vos convido: DECIDA MORRER. Vá atrás de quem te magoou um dia e diga a ela que a ama, baixe a guarda, respire fundo, tiro o peso de seus ombros, peça perdão mesmo estando com a razão, afinal a paz vale mais que a razão. Diga que é limitado, pois é o que somos, se não for compreendido não se sinta mal, mas bem, pois você foi capaz de fazer o que a maioria nem se importa em fazer ( a não ser que saiba que está morrendo), o que é uma baita hipocrisia, só por que foi dada a sentença de morte é que o perdão faz sentido?
Nossa vida quer muito mais que vaidade, nossa vida vale mais que conquistas materiais, quando se conquista o respeito de alguém é como ter achado o mais raro Diamante, quando se tem a admiração de alguém é como ter um Rubi nas mãos. Valorize o que você não conquista por dinheiro, mas conquista com valores humanos.
Decida morrer, imagine a morte mais próxima da sua vida que seu carro novo, assim você descobrirá que o carro novo é nada ante a importância da vida, ou da morte. Queira ter pessoas ao seu lado enquanto tem vida, pois o caixão é terra de egoísta, cabe só um. Queira fazer as pessoas sorrirem, se alegrarem com sua presença, não busque amontoar grandes riquezas se a mesma não puder ser compartilhada com pessoas.
Decida morrer e mude os dias de vida que ainda te resta, afinal mesmo desejando ser imortal, o que de fato vai acontecer é, um dia, um dia a vida finda e só vai ficar lembranças e essas lembranças somos nós os responsáveis por impregnar na alma dos que nos rodeia.
O consumismo, o materialismo, o anseio por grandes conquistas tem nos segado, mas trago nesse simples texto um convite à reflexão. Não somos imortais, a morte vem e é melhor que vivamos nessa consciência e se necessário for, vamos recomeçar nosso modo de ver a vida, ainda há tempo. Temos que reparar os danos que causamos e sermos humilde a ponto de entender que na simplicidade de um, EU TE AMO, está escondido grandes tesouros. Uma ligação, uma visita inesperada, um abraço... São pilares de uma vida sã, que faz bem para ambos os lados. A mentira da imortalidade foi denunciada aqui, e fica o pedido, DECIDA MORRER e viva como se fosse amanhã o ultimo dia.
Conquiste respeito, invista em pessoas, plante semente de mansidão, dê exemplo de quem reconhece suas limitações e quando partires por certo o que dirão a teu respeito é muito mais importante que impérios deixados por conquistadores tiranos que de tão pobre, amontoaram para si apenas dinheiro.

POR: Samuel Gonçalves

sábado, 25 de janeiro de 2014

MEU LARGO SORRISO

                              MEU LARGO SORRISO.

Rirei  abertamente no dia em que houver menos mentiras ( já que é impossível erradicá-las).
Rirei abertamente quando a hipocrisia for  encarada de frente, e quando o superficial não for tão relevante quanto tem sido. Rirei abertamente quando admitirmos que somos vaidosos, que somos presunçosos e que somos praticantes da política do custo-benefício.
Rirei abertamente quando  as amizades não forem mantidas por culpas e/ou cobranças, sim, muitas amizades tem sido trazida por longos anos por receio de retaliações,  ou por interesses externos, não pelo simples fato de ter por perto um ser humano por mais imperfeito que ele seja. Darei gargalhadas quando a sinceridade bater à porta, pois naquele dia muitas companhias nos deixarão, e ao fazer isso, ficaremos mais livres e mais leves para cuidar das pessoas que nos amam e amam em sinceridade.
Rirei mais ainda quando as pessoas que admiramos admitirem que são limitadas, pois é o que são, apenas pessoas limitadas e as vejo sofrer por tentarem passar uma imagem de super-humanos, sendo que, os olhos transmitem o enfado dessa busca insana.
Um sorriso largo será visto em meu rosto no dia em que eu ver amores sendo criados dentro dos padrões que se exige o amor. Pois tenho visto pessoas falando que amam, e estão mentindo. Porque quando vamos amar nós temos que abrir mão, e a primeira coisa que temos que abandonar é o orgulho mesquinho, aquele que faz a gente se apegar a coisas ínfimas. Vejo pessoas falando que estão dispostas a amar, mas se isso lhes custar um conforto, por menor que seja, dizem 'até breve amor,estou muito bem aqui no meu cantinho de ilusões'.
Como sorrir se no fundo a minha vontade é de falar a verdade? No mundo em que vivemos não é admitido que essas duas substâncias ocupem o mesmo recipiente, então a receita é falar mentiras e pintar um falso sorriso, daqueles que são expostos em vitrines com a etiqueta do preço bem embaixo, e o preço diz: Vale uma mentira!
Darei  outro sorriso quando as pessoas se desnudarem, falarem a verdade, ainda que venha a doer, que se admitam pequenas, que saibam reconhecer a pequenez de outrem, quando nos importarmos verdadeiramente com a dor do outro sem que seja preciso que este tal assine uma nota promissória, garantindo-lhe ajuda quando solicitado e assim quitar seu ‘’empréstimo’’.
Vejo as pessoas dizerem: _ “Não posso abrir mão de nada; nem da minha razão, nem do meu conforto, nem das minhas promessas, afinal eu mereço o melhor dessa terra”. Quando na verdade estão sendo mesquinhas e estão perdendo a oportunidade de serem, MELHOR NESTA TERRA.
Minha esperança não morreu, nem morrerá, e sei que um dia povos ouvirão minha gargalhada, quando for dado a notícia: "Algumas pessoas acordaram do sono da mesmice e estão dispostas a mudar, não mudar o mundo, mas mudar pro mundo''. Sim, neste dia darei meu LARGO SORRISO!!!

Texto: Samuel Gonçalves

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Novos Tempos

Encurtar...
Buscamos por séculos à fio encurtar nossas distancias.
Encurtar o tempo da comunicação, encurtar o tempo que nos leva de um ponto a outro, encurtar o tempo para solver nossas lidas, enfim, encurtar tudo que nos separa do bem-estar.
 E encurtamos com a tecnologia da informação. Encurtamos com meios de transportes recheados de tecnologias.
Temos ricas ferramentas de comunicação que são capazes de reunir múltiplas pessoas de lugares distintos do globo em um mesmo ambiente no mesmo instante.
Temos meios de transportes que são capazes de desnudar o mundo e nos levar a lugares outrora intocáveis.
Queremos sempre o tempo recorde em nossa caderneta.
Gostamos muito de enfatizar nossas façanhas contra o tão implacável tempo.
Mas nesse ínterim, perdemos coisas que jamais se poderia perder  em detrimento de vaidades que são, só, vaidades.
Pois agora em um sonho mais que utópico, eu vos proponho que prolonguemos:
_Vamos prolongar o abraço, vamos prolongar o sorriso, vamos prolongar o tempo das conversas com os amigos ....
_Vamos prolongar o tempo em que estamos conhecendo os valores alheios, prolongar o tempo em que estamos transmitindo e/ou adquirindo conhecimento, prolongar a nossa disposição de fazer o bem, prolongar o interesse em aprender coisas que nos proporciona crescimento como pessoas meramente humanas que somos.
_Vamos fazer nossas gargalhadas soarem no infinito. Vamos correr riscos que compensam ser corridos, nada de pressa quando estamos vivendo momentos nostálgicos, afinal o amanhã sempre trás surpresas e em uma dessas vem os dissabores, daqueles que nos fazem sentir dor em cada molécula, cada centelha de um corpo com habilidades múltiplas, só que nessas horas, são inócuas.
Não se iluda, hoje estamos mais próximos da morte que ontem.
Não coloquemos in xeque todas as boas possibilidades da vida só por não observar que as coisas mais simples são recheadas de grandezas...
Quando estivermos velhos( se lá chegarmos), olharemos para trás com frio e teremos apenas o cobertor do arrependimento para tapar nossas frustrações. Saiba disso agora, aumente suas tentativas e faça seu cobertor aquecer-se ao longo dos anos pois mesmo acertando o máximo que um humano sábio possa acertar, o velho cobertor será seu fiel escudeiro na sua velhice de arrependimentos.

Encurtar ou prolongar? Faça sua história!
TEXTO: Samuel Gonçalves